27 de abril de 2008

Marina Machado


Minha paixão sempre foi a música. Com a facilidade da internet comemoro a cada nova descoberta agradável aos ouvidos. E tenho conhecido muita gente boa deste nosso repertório brasileiro...
Ela é um exemplo dessas descobertas recentes. Navegando pelo youtube achei um vídeo de Casa Aberta, do Milton, com Marina, Maurício Tizumba(adoro!) e Tambor Mineiro. Mais mineiridade que isso, só dois disso. Do Youtube para o Myspace. Aí encontro tudo que quero e mais um pouco.

E a música martelando, martelando... doce e mineira.
(Nada contra a beleza e a qualidade, mas não me agrada muito esta padronização de um 'brazilian jazz' que temos visto nas vozes femininas da moda. "Moda"? Bem, não entremos em discussão).

Quero falar da Marina Machado. Vale a pena conhecê-la. No youtube a gente encontra vários vídeos de shows, inclusive alguns em que ela está (muito bem!) acompanhada de artistas como o mestre Milton Nascimento, Tizumba, Seu Jorge e Affonsinho. De videoclipe, destaque para Secador, maçã e lente, uma canção gostosa com letra esquisita rs
( http://www.youtube.com/watch?v=pI7xqa_Kx08 )

Belíssima também a interpretação de Norwegian Wood, de Lennon e McCartney, do cd Baile de Pulgas. Do seu novo trabalho, Tempo Quente, no Myspace tem a música Grilos, dos parceiros Roberto&Erasmo, com a participação do Samuel Rosa. Sensacional!

Taí a dica de mais um talento das Minas Gerais.

Em breve mais.

19 de abril de 2008

O que se vê

Mas como imagem mente!
Desde o galã da televisão
Até o implante do dente
Da necessidade da invenção
que no segundo dia de uso
resolve soltar o parafuso
cai a moça estatelada no chão
com pernas abertas e traje indecente.

Já vi de tudo nesta vida
Além do que já esperava:
A pobre se passando por enriquecida
O aleijado que depois da esmola, andava
O guarda-noturno que na ronda adormecia
depois de dez buzinas acordava
uma boca pálida, sem graça ria
e eu, na minha ironia, 'boa noite' e acenava.

Já pensaram que eu fosse homem
Achei que o cara ao lado estava armado
Já vi foto que me deu fome
Pensei que fosse creme de milho o doce de leite talhado!
E para não passar vexame
engoli borda de bolo, gordura de boi
fingi ser brincadeira o fato que nunca foi
menti estar doente para explicar este jeito atrapalhado.

Isso não é tudo.É nada!
Quando é noite, sombra ou breu
Quando há alma escancarada
Quando o corpo já morreu
Se há razão infundada
de um sentimento discutível
Se o desejo impossível
é mais forte do que eu.

8 de abril de 2008

Desenredo

Por toda terra que passo
Me espanta tudo o que vejo
A morte tece seu fio
De vida feita ao avesso

O olhar que prende anda solto
O olhar que solta anda preso
Mas quando eu chego
Eu me enredo
Nas tranças do teu desejo

O mundo todo marcado
A ferro, fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo
A morte é o fim do novelo

O olhar que assusta anda morto
O olhar que avisa anda aceso

Mas quando eu chego
Eu me perco
Nas tramas do teu segredo

Ê, Minas
Ê, Minas
É hora de partir
Eu vou
Vou-me embora pra bem longe

A cera da vela queimando
O homem fazendo o seu preço
A morte que a vida anda armando
A vida que a morte anda tendo

O olhar mais fraco anda afoito
O olhar mais forte, indefeso
Mas quando eu chego
Eu me enrosco
Nas cordas do teu cabelo

Ê, Minas
Ê, Minas
É hora de partir
Eu vou
Vou-me embora pra bem longe.

Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro