3 de julho de 2007

Fragmentos de um pensador


Eu não tenho jeito. Caio e fico, erro e repito, bebo e recomeço, prometo e desobedeço, e quando tudo é claro eu escureço.
Ninguém me conhece direito, pois toda e qualquer traição que cometo é da ponta do nariz para dentro. Que bom,ainda há quem me ame.
Eu filosofo e não chego a lugar algum. O que vejo assisto. E se choro, sorrio ou desisto é motivo para pensar e pensar e pensar...
Admito a inveja de não ser o que não sou, não ter o que não tenho. Oposto a isso reconheço, agradeço e quero apenas o que é para ser meu.
E o que é?
Não descobri. Exceto o que é meu e de todo mundo, como o dia, a noite, o futuro mudo, meus são pensamentos, gostos, meus amores platônicos que horas depois já não são mais. O que é meu o ouvido, a lembrança, os medos não superados. Se para algo ser eternamente meu necessita ser também do mundo inteiro eu fico nu, incendeio, descontrolo, peço arrego.
Eis-me nu, maltrapilho! Clamo a todos que sou mau, faço o mal e não quero mais a poesia, nem o sorriso de alegria. Dane-se a simpatia.
Volto a ser sem jeito, porém não arrependo mais que me arrebente. Não penso - apenas estratégias para a destruição. Quem sabe assim me torne alguém melhor, com mais amores, menos dores, sem horrores e nada mais me assustará. Nem este traiçoeiro e vil ato que é pensar.

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