18 de outubro de 2007

Como Che


Em tempos de comemorações aos 40 anos da morte de Che Guevara me peguei relendo alguns trechos do seu diário de viagem, que ganhei há uns 4 anos, escrito antes de ser o tão conhecido líder revolucionário.
Participante também dessas comemorações, porém não cabendo a mim aqui discutir, analisar ou defender, faço h
omenagem bem mais light (como a intenção deste sítio), trazendo uma idéia aos viajantes aventureiros que, normalmente, lá pelas tantas se pegam com o estoque de miojo ao fim e sem dinheiro para se divertir.

"(...) Logo antes de o sol nascer, cruzamos uma dupla de beberrões, e decidimos nosso brilhante plano "aniversário". Consiste no seguinte:
1 - Um de nós fala qualquer coisa em voz alta que nos identifique imediatamente como argentinos, alguma coisa como che no meio de outras expressões e pronúncias típicas. A vítima então pergunta de onde nós somos, e nós começamos a conversar.
2 - Passamos a relatar nossas aventuras sem fazer muito alarde a respeito, o tempo todo com o olhar perdido no horizonte.
3 - Aí então, eu entro e pergunto qual é a data do dia. Alguém responde e Alberto suspira e diz: "Que coinciência. Faz exatamente um ano". A vítima pergunta o que aconteceu há um ano e nós respondemos que faz exatamente um ano que nós começamos a viagem.
4 - Então Alberto, que é muito mais cara-de-pau do que eu, solta um tremendo suspiro e fala: "Que pena que nós estejamos tão sem dinheiro, não vamos poder celebrar" (fala isso meio de lado para mim). A vítima imediatamente oferece-se para pagar, nós fingimos recusar por alguns instantes, dizendo que não teríamos como pagar de volta etc.,mas por fim aceitamos.
5 - Após o primeiro copo eu me recuso totalmente a continuar bebendo, e Alberto começa a rir de mim. Nosso anfitrião se irrita e insiste, eu continuo a recusar, mas não digo o porquê. A vítima continua a indagar,até que eu confesso, um tanto quanto envergonhado, que na Argentina não existe o costume de beber sem comer.
Quanto nós conseguimos utilizando esse plano depende de cada momento, mas a técnica nunca falha."

Do livro De moto pela América do Sul, o diário de viagem de Ernerto 'Che' Guevara.

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