6 de maio de 2008

O Menino Azul



"Ondé qué, menino, ondé qué, menino
Ondé qué, cadê co vo lá...

A ave de noite vagueia procurando encontrar
Uma estrela que clareia para me iluminar

Eu já tô velho e cansado e já não aguento mais
Ó menino encantado, eu venho lhe pedir a paz..."

Eu sempre gostei de cantar esta música, mas nunca havia cantado com outras pessoas. Naquele momento, o sorriso estampado no rosto era de quem vivia, bem distante do outrora.
Via a água cristalina de cor azul-perfeito como quem não acreditava em tudo aquilo. Olhava o fundo do lago como se me visse lá. Algumas vezes me senti o vulcão da história que inventaram... Mas não queria pensar e voltava para a minha perplexidade ao perceber o que estava em minha frente, para a natureza virgem, o menino que tinha todos ao seu redor: árvores, peixes, borboletas no ar...
As pessoas cantavam mantras e olhares, homenageando cada folha que vivia e o sol que iluminava. Abraçavam uma grande árvore que se sentia amada.
Em que rua será que perdi este olhar? Aonde me perdi?
Muito me resgatei, porém. De tudo que vi, do medo da água que por vezes venci, de perceber-me respirar, do firme a pisar na pedra, na terra, do tanto que eu já era e esqueci.
Ao fim do dia olhei para trás e apenas consegui dizer 'obrigada'. A lembrança do pôr-do-sol também nunca falhará.
Não sei o que trouxe comigo, não sei o que deixei por lá. Não importa, diante a imensidão do que sempre estará naquele lugar.
Por que será que ainda choro tanto?

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