Sinusite, amigdalite, preguicite. Febre alta, pressão baixa, insônia, preocupação. Dor de cabeça, apaixonite, celulite, resfriado, dor de veado de tanta tosse. Até parece letra de música.
Enquanto meu mundo rodava descompassadamente a enfermeira comentou que a minha veia era do tipo "dançarina". A situação não permitiu que eu achasse graça naquilo, pois já completavam quatro tentativas frustradas, uma agulhada pior que a outra. Dói demais. Após a quinta picada - e até que enfim a última -, quando remédios e soro já passeavam pelo meu corpo pensei em respondê-la: "É porque sempre gostei de dançar, tá na veia mesmo!". É claro que não disse. Mesmo se estivesse em condições de verbalizar qualquer coisa que fosse não seria uma piadinha como essa que faria em momento tão inoportuno.
Penso agora na tal história da ação-reação. Quando fico o dia inteiro estudando, por exemplo, sinto dores de cabeça e nas costas; quando passo horas dançando (para alimentar a danada e inquieta veia) tenho no máximo cansaço nas pernas; mas se faço a simples extravagância de tomar sereno por poucas horas sou nocauteada desta maneira? Protesto! Há de se rever isso.
Aguardo respostas e não tenho como fugir do repouso. O bom é que algumas decisões estão sendo tomadas enquanto tomo os vários remédios nestes intermináveis três dias: a partir de agora e durante todo o inverno, que começa na próxima semana, casaco é traje fundamental; todas as noites a janela estará sempre fechada; cerveja gelada só se for numa tarde de muito calor; nunca ir ao samba com "tomara-que-caia"(para tal decisão existem também outros motivos); aproveito para rezar pelos mais enfermos do que eu; e acreditar em grandes olhares somente quando acompanhados por atitudes compatíveis.
Porque o pulso ainda pulsa.