25 de setembro de 2007

O meu amigo...


Minha mãe sempre foi fanática por Roberto Carlos. Desde pequena ouço as músicas e as histórias do rei contadas pela fã número 1. Na casa, um espaço reservado às suas duas(!)coleções completas em cd e mais uma em vinil. Além disso, fotos, reportagens, songbooks, biografias (inclusive aquela não-autorizada), canhotos de ingressos dos shows...

Confesso que sempre ouvi com certa distância, talvez pelo simples fato de que era a música da minha mãe, embora não se espante se pegá-la dizendo que curte Ramones ou Pearl Jam... Mas com o tempo aprendi a apreciá-lo com outros ouvidos, e em contextos ou versões diferentes reconheço que às vezes ele se mostra um gênio da canção popular, principalmente na sua época 'jovem-rebelde-sem-chapinha'.

Depois de "Todos estão surdos",o primeiro hit do rei que me fez empolgar de verdade (ok,a versão do Chico Science colaborou para a mudança do conceito), ontem em uma festa pirei ao poder cantar e dançar ao som do clássico "Ilegal, Imoral ou Engorda".
É uma brasa, bicho!


Vivo condenado a fazer o que não quero
De tão bem comportado às vezes eu me desespero
Se faço alguma coisa sempre alguém vem me dizer
Que isso ou aquilo não se deve fazer
Restam meus botões, já não sei mais o que é certo
E como vou saber o que devo fazer
Que culpa tenho eu, me diga amigo meu
Será que tudo o que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda.
Há muito me perdi entre mil filosofias
Virei homem calado e até desconfiado
Procuro andar direito e ter os pés no chão
Mas certas coisas sempre me chamam a atenção
Cá com meus botões, bolas eu não sou de ferro
Páro pra pensar mas não posso mudar
Que culpa tenho eu, me diga amigo meu
Será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda.
Se eu conheço alguém num encontro casual
E tudo anda bem num bate-papo informal
Uma noite quente sugere desfrutar
No meu terraço a vista de frente pro mar
Mas a noite é uma criança, delícias no café da manhã
Então o que fazer, já não quero mais saber
Se como alguma coisa que não devo comer
Se tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda

Será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda.

21 de setembro de 2007

A Primavera


Quando chega a primavera
Nada mais é o que era
A chuva cai, o ipê amarela
A noite vem mais bela com o entardecer.

Tudo volta a nascer
Da grama cinza o verde que era
Da lembrança do beijo o que agora congela
E vive eterna, viva e terna
como ela.

Estação do futuro, do passado que volta
Que repete a sua rota
Da realidade mais singela
de olhar quem tanto espera,
de desejar a quem venera,
de respirar, de luzes, cores,
de abelha em flores,
da sorte, da morte, da terra,
da esperança que nunca se encerra
Quando chega a primavera.

10 de setembro de 2007

Enfim,Drexler !!!


Então...Eis que chega o momento: falar sobre o show tão ansiosamente aguardado. Após um ataque de gastrite e quase-depressão durante algumas horas, devido ao possível impedimento de comprar os ingressos, veio uma agonia por 5 dias para chegar o sábado e assistir, enfim, o show sonhado por anos...

Na verdade, depois de assistidas as apresentações de sábado e domingo fiquei imaginando o que poderia escrever aqui, já que me senti compromissada a fazê-lo depois de um comentário em postagem anterior... Minha vontade foi de simplesmente dizer: Perfeito. ponto.
Porém, faço aqui uma tentativa de contar o que vi...vivi.
Um palco simples e colorido. Um cantor simples e colorido: de alma, de delicadeza, de vida. Modesto, simpático, inteligente. Interage com o público, fica nervoso(e ri), se preocupa em falar português, pára a música para desejar "saúde" a alguém que espirra, chama atenção do barulho de um celular numa sutil brincadeira de que deve-se programar o toque em "La Maior" para acompanhar a música, acha engraçado o estranho dançar do Arnaldo Antunes, se surpreende que o público conhece o seu trabalho, de verdade.
Foram shows lindos, abrilhantados por improvisos, pelo percussionista Guilherme Kastrup (que cajón era aquele!), por Paulinho Moska e Arnaldo Antunes. Foram dois dias diferentes, com músicas diferentes, emoções e interações diferentes. Mas meus olhos brilharam igual...
Sea...Frontera...Antes...De amor y de casualidad...Músicas que ainda não conhecia e que ouvi, admirada e curiosa. Curiosos também os arranjos especiais para Inoportuna e Soledad com o Arnaldo, Mi guitarra y vos, Eco...
Ao final do último show, momento tiete. Muito tempo de espera e pouco tempo para trocar palavras, autógrafo ao lado da letra de Sanar, foto... Mas valeu a pena!
Homenagens a Paulinho Moska, idealizador do projeto Mercosul Musical, que tornou possível a vinda de Jorge Drexler ao CCBB. Idéia muito boa de trazer a nós um pouco de nuestros hermanos sulamericanos!
E guardo na memória - babando - dois shows maravilhosos, um olhar calmo, uma simpatia tamanha, uma pele macia, um "¡Obrigado, corazón!" e a esperança de um breve retorno.
Visitem!

4 de setembro de 2007

Poesia Adversa

Tenho frases como as tuas
Frases ao ouvido ditas,
Frases de carne crua...
Ilusão da minha vida!
Sonho bom da vida minha!
Ouvir tua voz pela rua
E nunca mais ficar sozinha.

Saber que você vem,
Espero junto ao meu diário
Que um dia o meu contrário
Quis entender o mundo confuso.

E roda a agonia
Cabeça feito parafuso
Vai que não quer mais ninguém
(tenho frases, como as tuas...)
Hoje outro alguém é meu
Para um dia eu ser tua
E, quando chega esse dia,
O fim desapareceu...

Humilde versão, personalizada, da 'Lua Adversa',de Cecília Meirelles