29 de fevereiro de 2008

Dia de nhoque

Hoje a dica é culinária! Dia 29 de fevereiro- estamos em ano bissexto.
Dizem que todo dia 29 é recomendável comer o dito 'Nhoque da Fartura', porém nesta data, que só acontece de vez em quando, diria ser...indispensável.

E que história é essa???
"Conta-se que, certo dia 29, na Itália, um frade andarilho faminto bateu à porta de um casebre e pediu um prato de comida. A família era grande e tinha pouco a oferecer, mas não se importou em dividir um prato de nhoque com o homem, chamado Genaro ou Pantaleão. Coube a cada um sete pedacinhos da massa. Ao final da refeição, o andarilho agradeceu a acolhida e partiu. A surpresa veio quando a família retirou os pratos e descobriu que, embaixo de cada um, havia uma quantia considerável de dinheiro.
Para obter sorte, não basta comer nhoque na data. A massa deve ser servida com uma nota ganha sob o prato e os primeiros sete pedaços devem ser comidos em pé, acompanhados de um pedido a cada garfada. O dinheiro sob o prato deve ser guardado até o dia 29 seguinte, quando deverá ser doado a alguém que necessite ou usado para pagar dívida."

Superstição ou bobagem, não importa. Uma fezinha nunca faz mal e esse prato é sempre uma boa pedida, não é mesmo?
Bon Apetit.

27 de fevereiro de 2008

O som


Antes dos mouros o som
O som de tudo que passou por lá
O som de tudo que passou aqui
O som que vem, quem viver verá.
Os trovões já batucavam
Vanguardistas batucadas
O vento já produzia
Árias de ar e poeira
O mar nunca atrasará.
O compasso do batuque
E o fogo na sua dança
Toda vida fez um som.
Antes do peito dos mouros
Antes dos gritos da gente
Antes até da saudade
Que viajou além-mar
Do banzo dos africanos
Do toré no mato verde
O fogo com seus estalos
Fazia um som... já fazia um som.
Mandacaru meu deu lanças
A certeza seu fuzil
A noite trouxe seu frio
Pra quentura dessa vida
O mar nunca atrasará.
O compasso do batuque
E o fogo na sua dança
Toda vida fez um som...

Antes dos Mouros - Cordel do Fogo Encantado

20 de fevereiro de 2008

A luz do breu

Tenho algo de vampiro...
O gosto pela noite, sombra e frio
Um canto escondido, perto da sorte
Lua grande, amarela, eclipse
Tudo parece morto diante a imensidão
Mas brilha
na luz do que ainda vive
no clarão interno que lhe ofusca os olhos
Tudo é belo demais
Para o corpo que não merece
Que espera a hora sóbria
Que sonha com a noite
e o líquido rubro que esquenta
e lhe torna altivo...
Do vinho me sirvo em festa a começar.

8 de fevereiro de 2008

Quando o samba reviveu


Em Ipanema, aconteceu o mais emblemático dos episódios relacionados à ressurreição do samba, que na verdade morto nunca esteve, mas sim, afastado dos holofotes da mídia. O cronista Sérgio Porto entrou num botequim para tomar um café quando teve uma surpresa...reconheceu um personagem, vestido num macacão molhado que há dez anos afastado do mundo do samba, era dado como desaparecido, ou mesmo morto, por muitos dos seus reconhecidos e admiradores. Tratava-se de Angenor de Oliveira, o Cartola(RJ,1908-1980).
Ocorreu que Cartola, aos 38 anos, contraíra meninguite, o que o impediu de continuar trabalhando como pedreiro, ofício que exercera até então. Aliás, o apelido lhe veio da mania de usar um chapéu-coco para evitar que o cimento caísse em seu cabelo. Dali para frente teve de sobreviver à custa de empregos modestos. Sérgio Porto o reconheceu por acaso - na época, Cartola trabalhava como lavador de carros, numa garagem próxima ao botequim, e era vigia noturno.
Na verdade, o encontro com Sérgio Porto foi fundamental para a retomada de sua carreira e sua casa logo se tornou ponto de encontro dos maiores sambistas da época, que além da boa companhia desfrutavam dos quitutes de Dona Zica, cidadã mangueirense com quem Cartola já vivia.
Daí nasceu a idéia do Zicartola, o bar que o casal abriu num casarão da rua da Carioca, centro do Rio de Janeiro. O bar logo se tornou novo ponto de referência dos sambistas e também de toda uma geração de importantes compositores e intérpretes de classe média interessados em conhecer o samba.
O Zicartola virou moda, como parte de um processo no qual se destaca o papel relevante de compositores preocupados com a defesa dos ritmos brasileiros, chamando atenção para a temática dos morros, já nos melhores dias da Bossa Nova. Desse modo, os dois mundos musicais viveram um momento de integração, levando muitos jovens compositores a voltares suas visões críticas para o importante celeiro dos sambistas urbanos e dos compositores de samba que sempre existiram (e continuavam a existir) nos morros cariocas.
Mesmo com o esse novo impulso favorável ao samba, Cartola só gravaria seu primeiro disco em 1974, aos 65 anos de idade. Gravaria ao todo quatro discos solo, além de um ao vivo, que seria lançado após sua morte.
Mais sobre a história do samba na postagem de maio de 2007, "Samba, sim" . http://fuaemlata.blogspot.com/2007/05/um-pouco-de-samba.html

4 de fevereiro de 2008

Trio elétrico


Depois do frevo, um pouco da história do Carnaval da Bahia.

Em 1950 surgiu a famosa dupla elétrica. Após observarem o desfile da famosa "Vassourinha", entidade carnavalesca de Pernambuco que tocava frevo na rua Chile, e empolgados com a receptividade do bloco junto ao público, a dupla elétrica formada por Adolfo Antônio Nascimento -o Dodô- e Osmar Álvares de Macêdo resolveu restaurar um velho Ford 1929, guardado numa garagem. No Carnaval do mesmo ano, saiu às ruas tocando seus "paus elétricos" em cima do carro e com o som ampliado por alto-falantes. A apresentação aconteceu às cinco horas da tarde do domingo de Carnaval, arrastando uma multidão pelas ruas do centro da cidade.
O nome "trio elétrico" surgiu em 1951, quando, pela primeira vez, apresentou-se no Carnaval um conjunto de três instrumentistas. A "dupla elétrica" (Dodô e Osmar) convidou o amigo e músico Temístocles Aragão para integrar o trio e tocar nas ruas de Salvador numa pick up Chrysler, modelo Fargo, maior que a fobica do ano anterior, em cujas laterais se liam em duas placas: "O trio elétrico".
Osmar tocava a famosa guitarra baiana, de som agudo; Dodô era responsável pelo violão-pau-elétrico, de som grave, e Aragão, pelo triolim, como era conhecido o violão tenor, de som médio. Estava formado o trio musical.
No ano seguinte, surgiu o primeiro grande bloco de Carnaval, denominado "Os Internacionais", composto apenas por homens. Nesta época, a todo instante "pipocava" um trio elétrico novo, mas os blocos iam para as ruas acompanhados somente de baterias ou grupos de percussão. Foi aí que também apareceram as famosas cordas e as mortalhas para brincar o Carnaval.

1 de fevereiro de 2008

Frevo

A palavra frevo vem de ferver, que passou a designar: efervescência, agitação, confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas, como o Carnaval, de acordo com o Vocabulário Pernambucano, de Pereira da Costa.
O Frevo é um ritmo pernambucano derivado da marcha e do maxixe. Surgido no Recife no final do Século XIX, o frevo se caracteriza pelo ritmo extremamente acelerado. Muito executado durante o carnaval, eram comuns conflitos entre blocos de frevos, em que capoeiristas saíam à frente dos seus blocos para intimidar blocos rivais e proteger seu estandarte. Da junção da capoeira com o ritmo do frevo nasceu o passo, a dança do frevo.
A sombrinha, tão marcante na dança, não passava de um guarda-chuva conduzido pelos capoeiristas pela necessidade de ter na mão como arma para ataque e defesa, já que a prática da capoeira estava proibida.
Este argumento baseia-se no fato de que os primeiros frevistas, não conduziam guarda-chuvas em bom estado, valendo-se apenas da solidez da armação. Com o decorrer do tempo, esses guarda-chuvas, grandes, negros, velhos e rasgados se vêm transformados, acompanhando a evolução da dança, para converter-se, atualmente, em uma sombrinha pequena de 50 ou 60 centímetros de diâmetro.