8 de fevereiro de 2008

Quando o samba reviveu


Em Ipanema, aconteceu o mais emblemático dos episódios relacionados à ressurreição do samba, que na verdade morto nunca esteve, mas sim, afastado dos holofotes da mídia. O cronista Sérgio Porto entrou num botequim para tomar um café quando teve uma surpresa...reconheceu um personagem, vestido num macacão molhado que há dez anos afastado do mundo do samba, era dado como desaparecido, ou mesmo morto, por muitos dos seus reconhecidos e admiradores. Tratava-se de Angenor de Oliveira, o Cartola(RJ,1908-1980).
Ocorreu que Cartola, aos 38 anos, contraíra meninguite, o que o impediu de continuar trabalhando como pedreiro, ofício que exercera até então. Aliás, o apelido lhe veio da mania de usar um chapéu-coco para evitar que o cimento caísse em seu cabelo. Dali para frente teve de sobreviver à custa de empregos modestos. Sérgio Porto o reconheceu por acaso - na época, Cartola trabalhava como lavador de carros, numa garagem próxima ao botequim, e era vigia noturno.
Na verdade, o encontro com Sérgio Porto foi fundamental para a retomada de sua carreira e sua casa logo se tornou ponto de encontro dos maiores sambistas da época, que além da boa companhia desfrutavam dos quitutes de Dona Zica, cidadã mangueirense com quem Cartola já vivia.
Daí nasceu a idéia do Zicartola, o bar que o casal abriu num casarão da rua da Carioca, centro do Rio de Janeiro. O bar logo se tornou novo ponto de referência dos sambistas e também de toda uma geração de importantes compositores e intérpretes de classe média interessados em conhecer o samba.
O Zicartola virou moda, como parte de um processo no qual se destaca o papel relevante de compositores preocupados com a defesa dos ritmos brasileiros, chamando atenção para a temática dos morros, já nos melhores dias da Bossa Nova. Desse modo, os dois mundos musicais viveram um momento de integração, levando muitos jovens compositores a voltares suas visões críticas para o importante celeiro dos sambistas urbanos e dos compositores de samba que sempre existiram (e continuavam a existir) nos morros cariocas.
Mesmo com o esse novo impulso favorável ao samba, Cartola só gravaria seu primeiro disco em 1974, aos 65 anos de idade. Gravaria ao todo quatro discos solo, além de um ao vivo, que seria lançado após sua morte.
Mais sobre a história do samba na postagem de maio de 2007, "Samba, sim" . http://fuaemlata.blogspot.com/2007/05/um-pouco-de-samba.html

Um comentário:

R.T.M. disse...

Vamos acabar com o samba Madame não gosta que ninguém sambe Vive dizendo que o samba é vexame Pra que discutir com Madame...

eee, ele virou samba agora... capuft kkkkk